quinta-feira, 6 de maio de 2021

268.



 Simão,

A linha de comboio parece

de facto

em certos dias

o mais justo destino.

Mas há a andorinha que

apesar de tudo

regressa na Primavera

e o morcego que

na sua rota 

um tanto desvairada

por insectos

valsa ainda à nossa janela

Este poema é para ti

e ainda que fale de morte

fala, sobretudo,

                           [de esperança.

3 comentários:

OportunistaNato disse...

MANIA DO SUICÍDIO

Às vezes tenho desejos
de me aproximar serenamente
da linha dos eléctricos
e me estender sobre o asfalto
com a garganta pousada no carril polido.
Estamos cansados
e inquietam-nos trinta e um
problemas desencontrados.
Não tenho coragem de pedir emprestados
os duzentos escudos
e suportar o peso de todas as outras cangas.
Também não quero morrer
definitivamente.
Só queria estar morto até que isto tudo
passasse.
Morrer periodicamente.
Acabarei por pedir os duzentos escudos
e suportar todas as cangas.
De resto, na minha terra
não há eléctricos.

Rui Knopfli

OportunistaNato disse...

MANIA DO SUICÍDIO

Às vezes tenho desejos
de me aproximar serenamente
da linha dos eléctricos
e me estender sobre o asfalto
com a garganta pousada no carril polido.
Estamos cansados
e inquietam-nos trinta e um
problemas desencontrados.
Não tenho coragem de pedir emprestados
os duzentos escudos
e suportar o peso de todas as outras cangas.
Também não quero morrer
definitivamente.
Só queria estar morto até que isto tudo
passasse.
Morrer periodicamente.
Acabarei por pedir os duzentos escudos
e suportar todas as cangas.
De resto, na minha terra
não há eléctricos.

Rui Knopfli

Bicho do Mato disse...

<3