segunda-feira, 19 de março de 2012

173.


Nunca soube quanto tempo teria aquele amor, por não haver nunca tempos certos no amor. Havia dias em que acreditei que fosse até não mais Outono existir. Porém, noutros, via-me inevitavelmente envolvida na cilada que é o não haver sempre, o não existir nada que dure tanto quanto a rotação das estações de ano. Era pois aí, nesses dias revestidos a arame farpado, em que percebia o quão cegos éramos por acharmos que podíamos ser aquele pôr-do-sol que vai lá longe, capaz de nos prometer a eternidade. Quando te foste embora, meu amor, já o relógio ia adiantado, marcando as saudades que só sentira até então pela percepção de que as iria sentir. E esperei por ti, feita banco de jardim virado a sul, com tempo no lugar do coração, aguardando que regressasses assim que se te esgotassem todos os compassos. Eram 5 horas quando voltaste, mas, contudo, nunca acreditei, de facto, que aquelas fossem as horas certas.

2 comentários:

miranda disse...

perfeito :)

miranda disse...

saudade é o pior sentimento que existe, mas quando nos arrependemos de sentir saudade, pior ainda .