segunda-feira, 9 de julho de 2012

187.




Disseste-me baixinho que eras do estio
e eu nunca acreditei até tua alma roubar.
O mar soube-me a pouco nesse dia
como se tudo quanto fosse azul já não coubesse
em lado nenhum senão
em teus olhos.
É que Agosto morou
tanto tempo
dentro de ti.

9 comentários:

Anónimo disse...

sabes tão bem usar as palavras, ás vezes passo horas a pensar como se torna possivel ser assim.

Maria disse...

Magia é ter um anónimo a aconchegar-nos o coração a uma hora destas! :)) obrigada!

maria joão moreira disse...

roubar alguém que é feito de verão... que bom, deve ser alguém que sabe a mar e cheira a relva acabada de regar! gostei muito! beijinhos

Anónimo disse...

Como falar à lua, ao vento e ao mar? Como enfrentar uma noite sem temer que ela se torne longa demais? Que fazer quando a linguagem dos pássaros não me pertence e o futuro mantém-se imóvel nos meus braços? Tenho reflectido sobre o que se passa “aqui” e sobre o que se passa “aí”, numa tentativa de entender os traços que me unem a ti. Serão os sonhos, os sinais, a magia? A alquimia inexplicável da vida? Tudo me revelou uma explicação palpável, tudo deixou um farrapo de nuvem no céu limpo mas tudo ocultou a tua essência. No entanto o espaço que te reservei tornou-se pequeno para te conter, admiravelmente ocupas o lugar a que tens direito e superas todas as minhas expectativas. Recebo exactamente o que dou ou existe algo mais nas palavras que me dás? Tudo em ti se assemelha ao canto de uma sereia, um enigma irresistível que leva quem te ouve à perdição. Mas porque cantas? Tristeza ou vaidade? O desejo de salvação? Quem saberá? O sol que te abre os olhos é de todos mas imaginas que ele é só teu. E talvez seja isso que me atrai. Essa facilidade de te apoderares de tudo sem pedir autorização, como se o mundo existisse apenas para te satisfazer. Ainda não percebeste que o que dói são as coisas que não se regem pelas tuas regras “universais”; custa muito ser sagrado quando o nosso interior é tão profano. Aí surgem os mal entendidos, as fúrias, as zangas e as lágrimas. Já pensaste que são os frutos da guerra? Dessa interminável guerra que moves contra ti própria? Sim, contra ti. Pois não posso deixar de reparar que tudo o que escreves está tão impregnado de mundo que raramente te consigo ver, como se todas as tuas palavras e imagens fossem as palavras e imagens de outros e de ti apenas restasse o amor-próprio. Sim, encontras-te diluída neste mundo e depois queres dar-te e não consegues, não te pertences. E de repente surges deitada numa cama; vejo-me como enfermeiro. Um quarto branco e um pequeno vaso de margaridas. Falávamos tão baixo que quase se pensaria estármos em silêncio. A doença desconhecida que te mantinha internada não era um segredo para mim. Descobri tudo quando sorriste de olhos cerrados e disseste: “não digas a ninguém.” Não havia nada a dizer porque não disseste nada. Insistias em dar abraços e muito amor sem saber que não o tinhas, como um amputado que continua a sentir o membro muito depois de já não o ter. Quando tiveste alta tornaste-te dos silêncios e das solidões enquanto à tua volta “os corações estoiravam e se esgotavam em rios de sangue”.

Anónimo disse...

Plano de resgante do coração perdido em três passos:

1. Se exigires muito do mundo ele exigirá muito de ti – o mundo por natureza nada exige. Quando libertares o mundo que tentas a todo o custo aprisionar dentro de ti, ele te devolverá o coração.
2. Depois de recuperado o coração podes voltar a reinar sobre ele. Nem todo o coração é dócil e submisso mas agora que ele é realmente teu podes partilhá-lo com alguém para te ajudar a suportar o fardo. O número de pessoas que te podem ajudar é ilimitado. Corações diferentes, pessoas diferentes.
3. Ao encontrares um coração que bata sincronizado com o teu podes percorrer o mundo sem qualquer perigo de diluição, pois agora tens uma casa segura onde guardar os segredos e os sonhos da alma.

(Ao contrário do que nos fazem crer a diluição sistemática dos sentidos em experiências e aventuras solitárias não é benéfica para o coração. Provoca alheamento e descrença na humanidade.)

Se seguires estes passos a diluição vai parar. Agora quando tempo vai demorar até parar não te sei dizer. Dois dias? Um ano? Eu próprio ainda continuo a lutar contra a diluição. Isso depende muito do coração. Talvez seja isso que te impede de te dares totalmente, temes que se riam dele tão pequenino e maltratado. Bem, ele é teu e não tens outro. E um coração sozinho pode demorar anos a recuperar, ou pode mesmo nunca recuperar. É uma escolha que tens de fazer: ou vives do medo ou da esperança. Não há meio termo. E sim precisamos de morrer muitas vezes, todas as vezes que for necessário. Enquanto tivermos forças devemos morrer, pois não há vida mais triste sem morte! E não temas pelo teu orgulho, ele que fique intacto porque as fragilidades que conheço são apenas aquelas que também tenho. Lamento se remexi demasiado fundo nas tuas entranhas, a minha intenção era apenas morder-te os lábios, para lhes dar um pouco de cor, e não faze-los sangrar.

Acredito, os animais de sangue frio precisam de muito sol. E acredito que vai correr tudo bem.

4. Não levar muito a sério os escritores, que a maioria deles esfrangalha o coração propositadamente só para poder escrever.

Anónimo disse...

Fez este dia nove, três meses desde o primeiro poema que te dediquei numa noite distante de abril. E hoje penso: "Nao estava bom da cabeça e ainda bem!" Maria estimo-te muito, até mais do que seria desejável. Dorme bem e bons sonhos.

Anónimo disse...

sou um touro de maio.

Mafalda disse...

és mágica

Anónimo disse...

Maravilhas-me... Rouba-me princesa!
carolina <3