quarta-feira, 18 de agosto de 2010

5.


"O carro avança quase silenciosamente pela noite- finjo que durmo. A mente viaja por dois sítios ao mesmo tempo. Dois sítios, duas mentes. Uma é destrutiva, a outra não. A primeira diz-me: Está tudo perdido, está tudo acabado, a tua fé está fodida, não há nada lá, apenas mera fantasia - a realidade, imensa e sem sentido. Vivemos, morremos, fodemos, vamos em frente.
O lado positivo está a dizer: Não, tu não estás destruída. Toda essa tua experiência do mundo á parte não é uma fantuchada. Não é uma merda previamente ensaiada.
Sinto-me revoltada. Revoltada com este comércio de alma e sexo. O meu lado bom diz: Isso foi mau, não precisavas de o ter feito. E ainda diz mais: Tu és mas é uma cobarde. Uma grande cobarde. Uma cobardolas de merda, por não teres tentado escapar. O negativo sussurra: Foi bestial, mostraste-lhe bem mostrada a verdadeira face da religião dele - a religião da pachacha. Descobriste a fraqueza dele e foste em frente. Arrasaste-o.
Sinto-me reconfortada com este segundo pensamento. Faz-me sentir bem. Não por muito tempo."

Confissões de uma paroquiana