sexta-feira, 5 de novembro de 2010

81.


Canso-me das pessoas. Canso-me delas assim que lhes descubro as pontas soltas. Canso-me de uma forma gradual. Assim, que nem gotas de água formando um poça, sabes? E é das coisas que mais desgosto em mim. Cansar-me assim. Deste jeito. Acabo sempre por magoar alguém. Sou fria e firo os sentimentos das gentes. E a culpa é desta minha brutalidade. Desta brutalidade que arrasa com as almas. Mas sou mesmo assim. Canso-me. Canso-me das palavras que cantam. Canso-me dos ideias que desenham. Canso-me do jeito que encarnam. E são poucas as que se conseguem renovar diariamente. Que se conseguem renovar de forma a que me aliciem. De forma a que me agucem o desejo. De forma a que nunca se desviem da minha rota. De modo que me canso das pessoas. Canso-me. Canso-me de uma forma que nunca vi tal.

5 comentários:

Anónimo disse...

Eu também. Identifiquei-me muito com este texto. Muito.

nés, disse...

é como olhar-me ao espelho, ler-te.

Anónimo disse...

és fantastica e ler-te é rever-me em situacoes. adoro ler tudo isto. adoro-te a ti

Anónimo disse...

todas as palavras são "pequenas" para caracterizar os teus textos.

Anónimo disse...

identifico-me com isto mas alegro-me de pertencer a um grupo mais inferior de cansaço. sem explicação, sabemos-nos assim, mas com trabalho temos de (tentar) mudar. **