sábado, 12 de março de 2011

111.



Ela sente-o a milhas de distância. Provavelmente numa outra dimensão, numa onde o nome dela nunca surge e o seu perfume nunca se faz sentir. E para ela, são que nem farpas de alma. Porque ele está perto, ohhh está tão perto de si. Mas não, nunca do jeito que devia realmente estar. De alma, está longe, bem longe, separado por vales e montanhas e oceanos. Trata-se de uma distância sentimental desmedida - da que estilhaça o peito de quem ama. E ela, dentro dele só consegue agora sentir uma réstia de amor. Talvez já nem isso seja - amor - talvez apenas a compaixão tenha restado - esse terrível sentimento das gentes. E de todas as vezes que ele volta por uns instantes do longe que agora é, diz-lhe que a ama. E ela sabe que aquela é só a sua piedade. A mesma piedade que sente sempre que vê um cão abandonado nos dias chuvosos e frios de inverno. Mas ela conhece-o - sabe que por mais longe que ele esteja, há-de sempre voltar. Porque ninguém, ninguém o ama tanto quanto ela.

14 comentários:

Anónimo disse...

sempre textos tão sentidos, sempre.

Anónimo disse...

essa compaixão que fica depois do amor não devia sequer existir <3

Emmeline disse...

frases pensadas ou será exactamente estilhaços de maria espalhados por este texto mas bem claros? penso que sim, e sabes que preenches toda a doçura que falta em cada canto. eu acho-te assim

Emmeline disse...

(e foi mesmo ao acaso que nos escrevemos ao mesmo tempo, minha maria estrela)

Vânia M disse...

custa sim, Maria. mas custa mais quando vemos que as pessoas que tentam demolir a nossa força de vontade são aquelas com quem convivemos mais. ou que já conhecemos à mais tempo. mas a vida é assim. testa-nos nessas circunstâncias. e o pior que podemos fazer é fugir ao teste, desistir dele. se é uma prova, porque não concluí-la da melhor forma? para quê desistir? se desistirmos, não é o mesmo que admitirmos que fomos fracos, que fracassamos? eu vejo as coisas nesta perspectiva, e espero continuar a pensar assim sempre que tenha uma ideia infeliz de desistir de algo.
agora, pela milésima e uma vez, queria dar-te os parabéns por este teu post. acho que a cada dia que passo me encanto mais com o que escreves. sempre tão bem. sempre tão real!

Vânia M disse...

sim, nisso tenho de concordar contigo: quando não nos reconhecem o valor, a melhor opção será mesmo desistir. a vida é tão curta e não nos podemos dar ao luxo de perder tempo com coisas que não valem a pena! desistir será sempre opção em casos extremos, em casos onde não se tolera que se continue numa batalha que não tem fim possível.
ó Maria, até sorri quando li o fim do teu comentário. impossível não sorrir! que doce! (:

Lipincot Surley disse...

Ela ama-o como ng mas quando olha na sua direcção só vê distância. Que tal ela voltar costas a essa distância e olhar em uma outra direcção? Poderá não encontrar oceanos, vales, montanhas e acima de tudo piedade.
LS

Liliana/Blewmethod disse...

Olá, importaste que utilize um texto teu para meter no meu blog? :)

Liliana/Blewmethod disse...

"És uma mera apaixonada. Apaixonada de desamores cravados no coração. De estilhaços de alma em forma de uma palpitação.
Apaixonada de cacos de músculo encarnado nas mãos. De aversão. Aversão rendida à perdição."
É isto que quero utilizar, dou-te os créditos.

Liliana/Blewmethod disse...

Ahaha, eu ainda tentei esperar, mas tava entusiasmada para meter :P eu faço um apanhado do que gosto, e meto lá, seja citações de famosos, seja de textos de autores desconhecidos, é tudo bem vindo! :) Toda gente tem dentro de si uma frase que nos arrepia os pêlos dos braços e dá a volta pelas costas e pelo pescoço e...brrrrrrrrrrrr

Liliana/Blewmethod disse...

Nós, lá no fundo, gostamos mais de mimos do que de homens!

Liliana/Blewmethod disse...

Acho precisamos de tudo um pouco, nem demasiado trabalho, nem demasiados mimos, nem demasiado tempo, demasiado tempo para tudo e nada, para ser sensível e insensível, precisamos de andar equilibrados. Uma vida sem homens não tinha piada, assim como homens sem mulheres não teria, precisamos de nos misturar, envolver-nos, sem guerras. Alimentarmos cada partícula da nossa existência, o pensamento, o corpo e a alma. Monotonia, rotina, são apenas palavras, nós é que temos de gerir isso :) E todos conseguimos, somos donos de uma grande força, só não utilizamos quando não queremos

Liliana/Blewmethod disse...

Oh, obrigada! :) É de um amigo meu, que se quiseres visitar o site dele (esta na faculdade de letras) vais ao meu blog, e onde está os seguidores, tem os links, encontras depressa, só tenho 3. :P
Sabes, eu namoro, eu recebo carinho, mas tento não exagerar nesse carinho, mantenho-me perto dele, como uma amiga, mas uma amiga que toca dentro dele, no sitio mais difícil de se tocar. A pulga morde-me sempre, e eu fico contente por não ter medo do que possa vir. O que tinha de acontecer e o mais difícil, já aconteceu (eu decidir ficar com ele, e deixar o medo de me prender para trás).

Liliana/Blewmethod disse...

Oh "MEU DEUS", dizes coisas tão lindas mulher! mas lindas, sentidas e verdadeiras! É o que mais gosto. Eu sempre tive medo de me apaixonar porque sofri muito no último namoro que tive, e de certa forma, senti que sozinha era mais forte, não amolecia tanto, mas ele foi demonstrado que merecia e que gostava mesmo de mim, a única coisa que me dizia era "go with the flow" mas esperava. E inda hoje, fazemos tudo o que queremos, temos amigos, falamos com ele, com quem queremosdamos liberdade e espaço :) não tem melhor, eu não tava á espera que fosse tão bom, acredita :) pensei que ia mudar com alguns meses, ele ter ciumes etc, mas não aconteceu <3 lol "Não, para mim amar é ser livre. É estar longe e saber que, mesmo assim, estamos perto." Não podia concordar mais *.* agora sou eu que digo, parece que me encontro nas tuas palavras.