Tanta distância mental e nós aqui, desfeitos em alergias a coisas demasiado dispersas. Como se nos fosse imposto repartir sentimentalmente os borrões de alma que nos são sempre tanto. Como se pecar fosse dar demasiado a uma alma, unificar corações. Ambos sabemos que estamos mal, que nem o tempo parece ser capaz de sarar as feridas, de curar as fragilidades. Ohh mas estamos tão bem! Assim, pequeninos, envolvidos em ciladas que sabem a algodão doce e que nos magoam levemente, sem quase nada sentirmos. E até o mundo, até o mundo parece quebrar e caber dentro de um frasco de vidro. Dentro de paradoxos que sou eu e és tu quando o frio aperta e as mantas são a única casa de alma. Continuamos assim -cheios de saudade de proporções inteiras que cegamente despedaçamos, com medo de perder tudo - por muito tempo.
Margaret, 15 de Outubro, 1987
7 comentários:
eu fico a ler, a reler e a sentir :)
sabes bem que o teu blog é o melhor de todooooos! gostava mais quando estava em preto ♥♥
Maria, mas que escrita..
apaixonei-me pela tua escrita, confesso
como gostei do que li
Fiquei em alerta com o algodão doce. Não gosto (dá-me alergia) dessas coisas que, nem térmitas, vão corroendo silenciosamente - assintomáticamente - certos pilares estruturais.
apesar de não querer escrever há algum tempo, é-me impossível deixar de vir aqui Maria!
Beijinho
acredita que não me comparo à tua escrita, e digo-te que estou encantadissima minha querida. muito obrigada
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