terça-feira, 13 de setembro de 2011

143.


Tanta distância mental e nós aqui, desfeitos em alergias a coisas demasiado dispersas. Como se nos fosse imposto repartir sentimentalmente os borrões de alma que nos são sempre tanto. Como se pecar fosse dar demasiado a uma alma, unificar corações. Ambos sabemos que estamos mal, que nem o tempo parece ser capaz de sarar as feridas, de curar as fragilidades. Ohh mas estamos tão bem! Assim, pequeninos, envolvidos em ciladas que sabem a algodão doce e que nos magoam levemente, sem quase nada sentirmos. E até o mundo, até o mundo parece quebrar e caber dentro de um frasco de vidro. Dentro de paradoxos que sou eu e és tu quando o frio aperta e as mantas são a única casa de alma. Continuamos assim -cheios de saudade de proporções inteiras que cegamente despedaçamos, com medo de perder tudo - por muito tempo.
Margaret, 15 de Outubro, 1987

7 comentários:

opistia disse...

eu fico a ler, a reler e a sentir :)

Anónimo disse...

sabes bem que o teu blog é o melhor de todooooos! gostava mais quando estava em preto ♥♥

ines disse...

Maria, mas que escrita..

Janete disse...

apaixonei-me pela tua escrita, confesso

claire disse...

como gostei do que li

Lipincot Surley disse...

Fiquei em alerta com o algodão doce. Não gosto (dá-me alergia) dessas coisas que, nem térmitas, vão corroendo silenciosamente - assintomáticamente - certos pilares estruturais.

apesar de não querer escrever há algum tempo, é-me impossível deixar de vir aqui Maria!

Beijinho

Janete disse...

acredita que não me comparo à tua escrita, e digo-te que estou encantadissima minha querida. muito obrigada