segunda-feira, 14 de maio de 2012

181.


No dia em que morri pela primeira vez,
apercebi-me que havia caminhado
sob teus olhos azuis carmim
sempre achando serem de outro tom.

23 comentários:

Anónimo disse...

e renasces prudente, mas sábia

maria joão moreira disse...

muito bonito. de facto, ao longo da vida, vamos morrendo algumas vezes... e ressuscitando outras tantas!

Anónimo disse...

Sabes que encontrei a tal rapariga das allstars roxas? E adivinha lá o que ela estava a ler. Não? Então digo-te que lia Saramago e ia-me dando um baque quando o descobri. Felizmente não se chamava Maria nem me "chamou" Sr. José caso contrário não teria sobrevivido para te contar a história.

Anónimo disse...

Não penso, apenas sigo o norte que me deste. A não ser que sejas sul e mar.

Anónimo disse...

Uma mão no peito e uma face corada.

Anónimo disse...

Agora tu, diz-me não o que precisas mas o que queres.

ines disse...

queres dizer que olhos vivos distorcem realidades?

Anónimo disse...

E que cores esperas descobrir? São mesmo muitos esses homens? E cabem todos no teu olhar?

Anónimo disse...

Já leste Clarice Linspector? O desejo de ir à praia de noite faz-me lembrar um livro dela.

Anónimo disse...

O que faz de ti fogo-de-artíficio numa noite de verão. E sabes, o que precisava mesmo? Ouvir a tua voz. As paredes invisíveis das tuas palavras são tão ternas como angústiantes, essa profundidade sem idade torna-se volúpia pura em mim. Roça a insanidade. E isto faz-me pensar que passei o limite do bom-senso, como se pode voltar ao mundo dos vivos depois de te ouvir? Sereia, fizeste de mim cativo mas perdoa-me que eu não conheço a culpa. Mas estarei assim tão longe de ti para não te poder ver em breve?

Ligações disse...

É por isso que libertei o amor, libertei tudo, algumas coisas continuam ao meu redor, não dentro de mim, outras, foram embora, ou eu mesmo me despedi delas!

Ligações disse...

É por isso que libertei o amor, libertei tudo, algumas coisas continuam ao meu redor, não dentro de mim, outras, foram embora, ou eu mesmo me despedi delas!

inês alves disse...

fazes das palavras magia* simplesmente magnifico,maria :)

Anónimo disse...

Sabes, tenho a felicidade de toda a vez que te procuro encontrar alguém que me fala de ti.

"Saudosamente recordo
Uma gentil companheira
Que na minha vida inteira
Eu nunca vi... mas recordo"

Hoje o vidente foi o Sá-Carneiro.

Ligações disse...

Não me liberto da minha loucura, nem das coisas que me fazem bem :)

Rita Q. disse...

muito bonito :)

Anónimo disse...

Não sei o que dizer mas quero falar, e como o sono ainda vai demorar a chegar vou partilhar contigo o que acabei de ler. Uma senhora, muito mulher, escreveu assim:

"Nessa noite Lóri ficou de vigília.
Era uma noite muito bonita: parecia com o mundo. O espaço escuro estava todo estrelado, o céu em eterna muda vigília. E a Terra em baixo com suas montanhas e seus mares.
Lóri estava trite. Não era uma tristeza difícil. Era mais como uma tristeza de saudade. Ela estava só. Com a eternidade à sua frente e atrás dela. O homem é só.
Ela quis retroceder. Mas sentia que era tarde de mais: uma vez dado o primeiro passo este era irreversível, e empurrava-a para mais, mais, mais! O que quero, meu Deus. É que ela queria tudo.
Como se passasse do homem-macaco ao pitecantropus erectus. E então não havia como retroceder: a luta pela sobrevivência entre mistérios. E o que o ser humano mais aspira é tornar-se um ser humano.
Já que não tinha sono, foi à cozinha esquentar o café. Pôs açúcar de mais na xícara e o café ficou horrível. Isto levou-a a uma realidade mais quotidiana. Descansou um pouco de ser.
Ouvia o barulho das ondas do mar de Ipanema se quebrando na praia. Era uma noite diferente, porque enquanto Lóri pensava e duvidava, os outros dormiam. Foi à janela, olhou a rua com seus raros postes de iluminação e o cheiro mais forte do mar. Estava escuro para Lóri. Tão escuro. Pensou em pessoas conhecidas: estavam dormindo ou se divertindo. Algumas estavam bebendo uísque. Seu café então se transformou em mais adocicado, ainda, em mais impossível ainda. E a escuridão dos solitários se tornou tão maior.
Estava caindo numa tristeza sem dor. Não era mau. Fazia parte, com certeza. No dia seguinte provavelmente teria alguma alegria, também sem grandes êxtases, só um pouco de alegria, e isto também não era mau.
Era assim que ela tentava compactuar com a mediocridade de viver.
Mas era tarde: ela já ansiava por novos êxtases de alegria ou de dor. Tinha era que ter tudo o que o mais humano dos humanos tinha. Mesmo que fosse a dor, ela a suportaria, sem medo novamente de querer morrer. Suportoria tudo. Contando que lhe dessem tudo.
Não. Ninguém lhe daria. Tinha que ser ela própria a procurar ter. Inquieta, andava de um lado para outro do apartamento, sem lugar onde quisesse se sentar. Seu anjo da guarda a abandonara. Era ela mesma que tinha que ser sua própria guardiã.
E tinha agora a responsabilidade de ser ela mesma. Nesse mundo de escolhas, ela parecia ter escolhido."

Isto anda tudo ligado, já dizia o outro. A falta de sono, o amor, o "não sei não" e a clarice lispector.

inês alves disse...

não sei se sou do amor,mas tenho a certeza que o amor será sempre meu,todos os dias.obrigada*posso ainda dizer-te que as palavras sao tuas,assim como tu és delas.

Anónimo disse...

olá, talvez seja a única coisa que tenho, minha querida. A maldição talvez seja essa, ter amor às vezes pesa e hoje pesa-me especialmente no peito. Obrigado por me arrancares um sorriso e o resto que poderia dizer-te está na música deste senhor http://youtu.be/x5yDG57-cbA porque também hoje as palavras são leves e não valem nada.

Anónimo disse...

Às vezes trata-se de resolver as coisas com o coração, nessas tantas vezes que a razão teima em deitar tudo a perder. Essa alternância de poderes é uma mais valia das almas nobres, há que ser inteligente e tocar a ferida com as pontas dos dedos. É o que vou fazer, minha querida. Vou reunir os espelhos espalhados pelas camas e pelos quartos e tentar mostrar-te que reflexo é este, que mulher é esta que dorme com o teu nome em mim. O difícil, nesta tarefa, é não sujar as mãos com sangue e evitar o toque doloroso, o requebrar do espelho. Muito amor desapareceu assim, na ansia de ver o está dentro do espelho. Normalmente as vítimas esquecem-se que o que está dentro do espelho somos nós, despidos de preconceitos, e normalmente esquecem-se que o mais importante é a cola. A cola. E isto aplica-se a tudo, e admiravelmente aplica-se a nós. Porque é sobre nós que escrevo. Porque é uma cola muito forte que me liga a ti, feita de sonho, ar, sol e ternura. Preciosidades raras nos dias que correm. Somos quase crinças a brincar ao faz de conta, deixando o inconsciente trabalhar livre, ignorando que é por desejo que tudo se torne realidade que o fazemos, não fosse a ingenuidade a melhor qualidade do homem e da mulher. Pois é ela que cria tudo e mais vezes do que aquelas que contamos. Não terá sido uma ingenuidade declarar-te amor maior? No preciso momento em que as grilhetas da realidade me sufocavam o coração? Foi ingenuidade, confesso. Mas confesso também o meu orgulho por esse acto que te trouxe à vida. E descobrir-te foi, e será sempre, uma das coisas mais bonitas da minha vida, daquelas que vale a pena contar aos netos. E não temas este exagero porque não o é. Isto tem um nome: lucidez. Sabes que a mulher funciona como a materialização das vontades e dos desejos mais íntimos de um homem? As mulheres normalmente definem as fases de um homem quer se concretizem quer não, sendo elas o “grande acaso” que eles esperam. Funcionam como se fossem um grande íman de energias, provocando toda a espécie de coincidencias agradáveis, muitas vezes inexplicáveis, mas em todo o caso maravilhosas e que fazem todo o sentido depois de analisadas. E tu, fazes sentido. Mas não foi sem surpresa que descobri que me entendias sem esforço aparente, como se tivesses predisposta ao meu surgimento. Talvez não o saibas mas és... como dizer? Naturalmente telepática. Nunca reparaste em pequenas coisas como pensares em algo e isso acontecer ou simplesmente fazeres algo sem uma explicação lógica mas acreditares que não pode ser de outra maneira, e no final descobrires que estavas certa? Temo que tenha propensão a atrair mulheres extremamente sensoriais pois não és a primeira que encontro insolitamente. Agora o que realmente me fascina em ti e que não encontrei nas outras mulheres, e talvez isso explique a minha desilusão em relação ao sexo feminino, é a tua força, a tua pureza de sentimentos. E isso Maria, é belo. Belo e inspirador. E imagino que deves ter tido tantas oportunidades para cuspires nessa pureza, para simplesmente deixares-te levar como uma “maria vai com as outras.” e no entanto recusaste, continuaste igual a ti própria, o que te torna verdadeiramente heróica. “Já não nascem grandes mulheres e aquelas que ainda vivem ficaram maluquinhas de desgosto”, pensava eu antes de te conhecer. A idade da razão é pródiga em dogmas. Mas... bem, agora que existes penso que posso dizer: enganei-me. Até me atrevo a dizer: adoro-te, porque mulheres como tu são para adorar e guardar como tesouros. E é daqui que nasce o desejo, ou talvez desespero, vício, loucura, muitas palavras que não dizem nada, que me atormenta os dias: o de dar corpo à tua alma, o de tornar o sonho uma realidade palpável. Porque tenho a certeza que serei alvo de uma tristeza mansa se eu nunca tiver a oportunidade de te conhecer pessoalmente e não hesito em dizer-te que o ano acabará no final de Maio porque farei o balanço negativo e fecharei todas as contas, limitando-me a arrastar-me até ao final de Dezembro. (continua)

Anónimo disse...

Mas não me tomes por uma pessoa trágica, apenas falo assim porque conheço-me demasiado bem e afinal a verdade é sempre trágica, e não há qualquer drama nisso. Digo isto porque entre nós existe o que foi dito. E tens de concordar que é difícil esquecer o que o coração lembra, eu que sou memória e vontade. Podia ter-me afastado, não podia? A distância leva sempre a melhor mas tu agarraste-me. Pensavas em quê? Com que objectivo? Provavelmente faço tantas perguntas como aquelas que fazes. Mas tudo tem resposta, é só pedirmos, apesar do enigma ser tantas vezes mais cómodo. Como jogar às escondidas e mesmo depois de toda a gente ser descoberta continuarmos escondidos só pelo prazer de nos imaginarmos vencedores, mas na verdade somos perdedores. És um bocadinho culpada de tudo. Eu sou um bocadinho culpado de tudo. Somos um bocadinho culpados de tudo. E o que foi criado entre nós é criação mútua e existe. Dá para ver, dá para tocar, dá vontade de meter no bolso e levar para casa. Não vês? Ainda não tem nome, ainda não, para não perder a força. Mas tem amor, poesia e liberdade e é isso que nos move quando parece tudo muito e escuro e feio. Não é assim? Fala agora abertamente, dá-me um pouco da honestidade aonde as tuas palavras vão beber porque não podes negar os segredos que escondes a cada sílaba, a ternura subtil com que acolhes os meus devaneios. Desejo tanto descobrir o que escondes desse lado. Agora sou eu que quero morrer como um gato! Apesar de ser mais cavalo e tu cavaleira. Para onde vamos? Dás-me a honra de te levar ao colo? No fundo, eu faço apenas o meu papel na estória que me deste, o que me faz mais teu do que eu pensava, ou mais gato. Espero que não te tenha sujado as mãos de sangue. Se o fiz foi por excesso de escrúpulos, só algumas gotas para dar cor à pele. Porque o amor, tal como a vida, é uma aprendizagem. Um pouco de coragem e de medo.

P.s. Um pouco grande para um caixa de comentários mas também não tenho outra morada.

Dahliaw disse...

Tão bonito.

Lipincot Surley disse...

que cenário tão adaptável. adorei*
sempre reconfortante passar aqui..