domingo, 16 de setembro de 2012

192.


Estes arrepios de coração são nada senão minha morte de ontem, minha morte do passado, do que vivi sobrevivendo, do que me doeu e sarou nunca sarando. E o que me embala nesta tarde de fim de Verão será nada quando amanhã acordar e reparar-me só, nessa bolha de sabão que é a solidão dos dias compridos, azuis não de céu mas de vazio. Sei que nesse momento voltarei a adormecer e morrerei então, para não ter nunca de descobrir que certo dia anoiteceste em mim.

                                                                                                                    Margaret, 23 de Setembro 1983

4 comentários:

Anónimo disse...

E nestes finais de tarde precisaremos sempre de ler coisas destas que nos aquecem a alma, o dia seguinte vem com mais amor. p.s <3.

Anónimo disse...

Escrevi isto há três anos atrás: "Sim, morrerei sozinho. Esse é o teu destino? Não, o meu destino é viver ao lado da mulher mais bela do mundo."

O admirável dos sonhos é que são sempre actuais.

Anónimo disse...

Escrevi isto há três anos atrás: "Sim, morrerei sozinho. Esse é o teu destino? Não, o meu destino é viver ao lado da mulher mais bela do mundo."

O admirável dos sonhos é que são sempre actuais.

Anónimo disse...

Como uma pincelada de azul num céu cinzento. Que o esquecimento é a morte, e a memória a vida, isso eu já sabia. Mas então o amor... será a fome? Se assim é, da tua alma vem-me a saciedade; pois o vazio dos silêncios pertence-te quando o vento nas árvores é magia e o cantar dos pássaros a única alegria. Volto e afunila tudo em ti. Porque a ausência é uma melodia que só se ouve quando ela se extingue. A pequena trompete dourada do coração. Escrevo isto meio adormecido, ainda os olhos dormem e a luz é leve, para que a parte de mundo que te cabe a ti tenha igualmente a sua parte equivalente de sonho que me cabe a mim. Se isto fosse real seria agora que os nossos joelhos se tocariam?... Que um beijo cristalize o tempo e as lágrimas nos salguem os lábios insensatos. Bom dia! As mentiras que conto soam-te a verdade?