sábado, 8 de dezembro de 2012

200.


Suicido-me devagar a cigarros e solidão. Hoje sei que
o que mais dói dentro da dor são os seus espaços de luz.

23 comentários:

Unknown disse...

que linda és.

Pedro disse...

Levas, sobretudo, muita nicotina!

Anónimo disse...

De que precisas, querida Penélope?

Anónimo disse...

Então porque me abandonaste? O teu coração não te soube dizer para confiares em mim? Era um cigarro a dois, porque decidiste desesperar sozinha?

Anónimo disse...

E o que vês desse lado do espelho é assim tão precioso que te dá medo de o quebrares ao atravessares? Na estória, uma menina corajosa atravessa o espelho à procura de algo mágico. Porque tinha de existir algo mais que o normal... apesar de igual, mas autêntico, verdadeiro. Não é assim? Eu sou assim, como a Alice. Nunca aceitei a vida que me deram. E sinceramente, sinto-me injustiçado por essa magia que nos separa.

Anónimo disse...

Também não te sentes injustiçada?

mary disse...

obrigada eu, doce Maria. e como isto fez sentido no meu coração

Anónimo disse...

Eu não sou teu inimigo.

Anónimo disse...

A desilusão é algo que dói muito, mas a desesperança ainda dói mais. Eu desculpo, mas promete-me que não te esqueces de me dar um nome, Diana, senhora das florestas. Não te culpo, por isso nem precisas de pedir desculpa; apenas sinto uma leve tristeza por ainda não ter nascido.

Anónimo disse...

Não tenho feito senão confiar em ti desde que te encontrei.

Anónimo disse...

De nenhum. O amor é infinito, em direção ao céu. O abismo é simplesmente o fim do mundo e do amor. E tu sabes disso. Pensa lá bem no que sentias quando amavas... As noites não eram noites e os dias não tinham fim. Dos limites dos corpos, não existem. E os pensamentos sem dor. Abismos? Tsc, tsc. Temos que reaprender o que é o amor.

Anónimo disse...

Do que me dizes, tiro uma terrível conclusão: amaste muito, Maria, mas não foste amada. Quase que me dá vontade de te dizer "Foge! Refugia-te na mais solitária das praias, na mais remota das ilhas, na mais secreta das florestas. Nunca mais saias de casa. Faz como quiseres mas foge! Não deixes que mais ninguém te toque, não deixes que mais ninguém te ame! Porque te mentiram." Mas não o direi. Porque sinto que és mais forte que eu; muito mais humana que eu, que sou tão homem. Se eu confio em ti, confia também em ti, confia naquela menina que chora com uma flor murcha entre mãos. Na que está fechada no quarto mais escuro da casa, de castigo por ter amado, por ter sido tão feliz por amar. A que veste o vestido mais bonito que tens, rasgado por quem não reparou no belo padrão de flores que combina com a tua pele. Dá a mão à menina que dorme descalça no chão frio, que espera ansiosamente que alguém lhe abra a porta e com um sorriso lhe diga: "Desculpa."

Anónimo disse...

“And yet as he turned, with his head stretched forward, to move away: as he glanced slightly over his shoulder: she stepped down from the step, down to his level, to follow him. He went ducking along the dark yard, nearly to the gate. Near the gate, near his bicycle, was a corner made by a shed. Here he turned, lingeringly, to her, and she lingered in front of him.
Her eyes were wide and neutral and submissive, with a new, awful submission as if she had lost her soul. So she looked up at him, like a victim. There was a faint smile in his eyes. He stretched forward over her.
“You love me?-Yes?-Yes?” he said, in a voice that seemed like a palpable contact on her.
“Yes,” she whispered involuntarily, soulless, like a victim. He put his arm rounde her, subtly, and lifted her.
“Yes,” he re-echoed, almost mocking in his triumph. “Yes.-Yes!” And smiling, he kissed her, delicately, with a certain finesse of knowledge. She moaned in spirit, in his arms, felt herself dead, dead. And he kissed her with a finesse, a passionate finesse which seemed like coals of fire on her head.“

Gosto muito do amor do D. H. Lawrence. O amor tantas vezes sombrio, preverso, irresistível, incontornável. Alimenta-se do nosso melhor e deixa-nos extenuados, fracos, doentes. Às vezes penso, porque me tens obrigado a tal, de tão inseparável te tornaste da minha alma, que adoramos no amor o seu lado destrutivo; a nossa revolta, as nossas ambições, sonhos, desejos, paixões, ideais, sentimentos, sensações, vontades, verdades investidas com fervor revolucionário numa palavra tão frágil, tão pequena. Já reparaste que maldade? Quebra-se o amor tantas vezes para que nós continuemos intactos. Tristes mas intactos. Nem tentamos perceber, só sofremos por ser um prazer sentirmos a dor. Antes isso que a doce apatia dos dias. Estaremos perdidos? Recuperaremos alguma vez a inocência primitiva? Voltaremos a ser a alegria desta terra? Unidos, unidos. Já descobriste que as singularidades e as coincidências são pedaços do nosso “eu”? Senão porque nos sentimos tão próximos, tão familiares? Gostaria de mostrar-te a vastidão do amor original que pulsa em mim mas não consigo. As minhas palavras são desastres, acidentes, que ferem a superfície, ainda virgem, do verdadeiro amor. Livre. Mas talvez exija demasiado de mim, de ti, e deste mundo belo e cruel; contraditório. Talvez... este vazio. Vigorosamente vazio, vigorosamente puro; tanta coragem para nada. O orgulho deixou-me a fonte seca. Sabias que dela brotava todo o amor do mundo? Agora não; apenas dói, apenas pesa. A loucura, tal como a inteligência, dá um sentido próprio a tudo. Por isso se me perguntares se sou louco; direi que sim, porque mesmo vazio de amor continuo à procura dele. Até ao fim da minha vida. Todos os dias. Hoje. Agora.

Anónimo disse...

“She turned, she slipped past, ran indoors and upstairs to the little bare bedroom she had made her own. She locked the door and kneeled down on the floor, bowing down her head to her knees in a paroxysm on the floor. In a paroxysm-because she loved him. She doubled herself up in a paroxysm on her knees on the floor-because she loved him. It was far more like pain, like agony, than like joy. She swayed herself to and fro in a paroxysm of unbearable sensation, because she loved him.”

Algumas cicatrizes, cicatrizes que não são grandes nem pequenas, que não me ensinaram grande coisa, mas que o corpo não esquece. A memória perdoa muitos dos nossos erros mas o que nos fere o corpo, perdura. Secou de solidão, de angústia, ferida no amor-próprio. Pessoas sôfregas e egoistas beberam dela desesperadas, como mortos-vivos perante carne fresca. Foram levando e eu fui dando, a minha bondade era imensa. Mas isso não bastou. Queriam mais, mancharam-me o amor com a sua mesquinhez – selvagem! -, e durante noites intermináveis chorei na companhia da lua. Afogado em pensamentos vermelhos, tenebrosos – mas tão sinceros! Perdoa-me a revolta. Falta-me prática e moderação. Renasço contigo lentamente. Sinto no meu peito um palpitar nervoso, sensual. As águas agitam-se, lavando-me o espírito. Desisto. Existo. Desde que me lembro que só desejo uma vida simples, humana, luminosa; feita de pequenos gestos, de espaços, sentimentos. Cada momento especial. Ousaram complicar o amor, diabolizaram a vida, as pessoas. Peço-te: perdoa-me a raiva e a desilusão. Sou melhor que isto, pois, rosno mas não mordo. Sou apenas chuva, isto passa, e vou-me com o sol.

Anónimo disse...

"A moment of stillness seemed to cover her like sleep: an eternity of sleep in that one second. The she roused and got up. She went to the mirror, still, evanescent, and tidied her hair, smoothed her face. She was so still, so remote, she felt that nothing, nothing could ever touch her."

Já choraste tudo, meu amor? Então agora dorme, dorme nos meus braços que deixaram de lutar. Repousa no meu peito-espelho, ele aceita-te: é teu. Agarra-me a mão, não me deixes fugir, deixa-me cumprir a promessa que te fiz. Dá-me os teu lábios, ouve-me: não estás sozinha.

Anónimo disse...

Escreves lindamente bem, Maria.

Pearl disse...

A solidão Maria suicidiar-te-à mais do que alguma coisas que consumas.

:)

Anónimo disse...

"Ela escuta com grandes e suaves olhos escuros. Conta-lhe: mais e mais: tudo. Depois um suspiro: silêncio. Longo, longo, longo descanso."

Não é meu mas um dia conto-te de quem é. Um dia conto-te tudo. Conto-te tudo porque não terei mais nada para dizer senão tudo.

Ocupas um espaço que não tem nome, que por vezes acorda com fome. Devora-me a poesia das horas até ficar apenas o tempo. Então choro, desaparecido no teu eu, esperando pelo sono e o esquecimento.

Anónimo disse...

"Hoje o espaço é esplêndido!
Sem freio, sem esporas, sem brida,
Partamos a cavalo no vinho
Para o céu feérico e divino!

Como dois anjos atormentados
Por calentura implacável,
No azul cristal da manhã
Sigamos a miragem distante!

Suavemente balouçados sobre a asa
Do turbilhão inteligente,
Em um delírio paralelo,

Minha irmã, nadando lado a lado,
Fugiremos sem descanso nem tréguas
Para o paraíso dos meus sonhos!"

Partamos, partamos! Que a bonança que sempre me trazes aquece-me o peito e o espírito. Vitoriosa. Vencido bebo-te as palavras e, insaciável, peço por mais. Tão doces, tão fortes e leves. É encantador trazeres-me as notícias do sol, ou melhor, da alegria. Porque eu ultimamente acordo tarde, demasiado tarde. Inconformadamente infeliz. Mas que me importa, digo eu, que me importa o vaguear e a procura quando encontrei!? Um coração feliz, perfeito jardim de rosas, eterno labirinto do amor. Como explicar-te este sentimento? Ébrio? Louco? Completo? Palavras grandes, palavras ocas. Nada mais me eleva tão alto como o vinho puro das tuas palavras. Simples. Pássaros e fontes escondidas onde sacio o sonho. Estou encalhado. A minha vida é um bolso roto. A aparência risonha e o interior tão pobre. Ter pena? Não tenho pena de ninguém quanto mais de mim! Preocupa-me o teu mal estar, a tristeza indizível e o desalento. Porque acredito em ti, acredito. Onde moro? Não é aqui. Mais próximo de ti, onde me sinto completo, nervoso, encantado com a constante dúvida do amor. "Hoje fez-se sol..." A poesia nasceu contigo, pois, provavelmente não terias nascido se não ouvesse versos. "Sentada na beira de uma nuvem, esperava o dia certo para nascer. Tinha que haver uma certa luz, a certeza absoluta que nasceria para ser amada." Partamos, Maria, partamos!

Anónimo disse...

Então vem, amor, que quero partir contigo para... Somos a única bagagem que precisamos. Um bolso roto pode ser cosido e um olhar o melhor agasalho. Vem que as nossas almas anseiam mudamente por adorar. "Como um sol noutro sol". Também foste atravessada pelo vento negro da ilusão. Partir em falso, mergulhar bem fundo no desconhecido, e voltar com as pernas e os cotovelos esfolados, para descobrirmos, no final, que os desconhecidos somos nós; que são as raizes, ainda fundas, que nos repuxam e nos quebram os interiores. Quantas falsas partidas? Quantos quartos? Quantos sorrisos forçados? E presumo que o cansaço... Infernal. A sensação de estarmos para sempre presos a um espetáculo de marionetas, onde somos a única com vida. Como não vêem? João! Sofia! Todos os nomes do mundo excepto o nosso! Porquê? Onde estamos? Onde estou? E depois encontramos tanto conforto na destruição como se a sanidade precisasse de um sacrifício constante de bondade humana! Aí olhamos os jornais e reparamos que não há notícia da tragédia. O mundo de repente tornou-se indiferente e a língua, que falamos, prodigiosamente cruel. Mas, no final de tudo, somos nós os desentendidos, as vítimas da guerra interior que abrigamos no peito e na mente. Compreendo-te e sinto-te. Somos de uma família de solitários, sonhadores e eternos amantes que demoram muito tempo a encontrar o seu papel no teatro da vida. Faz parte da nossa natureza. Inelutável. Mas assim que descobrimos a nossa força, o nosso luminoso eu, afianço-te que surge uma nova estrela no céu. Meu sol, meu amor. Somos desesperados, somos uma só entidade com os nossos desejos e tormentos. Só seremos felizes fazendo exatamente o que a nossa, dizem eles, insensatez ordena. Se a minha alma está aqui, nestas palavras, nas tuas palavras, ela também estará, sempre, no momento derradeiro do pôr do sol; porque satisfazê-la é mais importante que qualquer compromisso sério. Deixai as pessoas correrem, com envergonhada mágoa, de volta para as suas individualidades incompreensíveis. Sei que o sentimento de abandono te é familiar - demasiado -, sei que atravessaste o rubicão e lamento que tenhas sofrido. Mas a dor que te consumiu deixará no teu olhar uma chama irresistível que só homens e mulheres como tu conseguirão identificar. Continuarás belíssima quando todas as tuas amigas não passarem de sacos velhos. Os momentos de solidão dar-te-ão uma aura que os mais experimentados galanteadores terão dificuldade em compreender. E os poetas não ousarão dedicar-te um verso sequer, com medo de traírem a tua perfeição. Ó que exagero! Decerto sou mais tonto que sábio. Enfim. Já me conheces bem para não te surpreenderes com o meu jeito hiperbólico. Já partimos? Acho que sim, meu amor; pois, nota que a paisagem muda constantemente.

Anónimo disse...

Como são as mulheres como tu? São más, generosamente más. E parvas. A que cheiram? A livros de poesia. E sabem? A beijos à chuva.

Não me disseste se o teu amor é verdadeiro; mas gostaria de te ouvir falar dos meus olhos...

Anónimo disse...

São castanhos.

Anónimo disse...

Então compreendes, não é verdade?