Há qualquer coisa de intransponível
nos teus dedos.
O violino a ecoar nas articulações;
em que lugar de tuas mãos se incendeia a memória?
Coração de marfim, rebentações na areia dos corpos.
A dada altura de nossas vidas
nos traem.
E o mundo rasga-se a sopros, com a mesma quietude
e vexame de um homem que no meio da multidão,
se urina.
Ainda o violino - sempre é cedo demais quando anoitece.
Há qualquer coisa de falso no tacto que não
ofereces
vestígios de nitroglicerina;
pegadas de celofane;
ausência.
A dada altura de nossas vidas
acontece-nos a estação errada:
julgar adormecer em primavera e acordar
com blocos de gelo incrustados ao coração.
5 comentários:
céus.. palavras com que me deitarei esta noite.
mais uma vez, maravilhoso..
Maravilhoso.
Sou novo leitor. Ainda não tive oportunidade de ler tudo, tudo, tudo, mas as tuas palavras deixam-me boquiaberto.
Muitos parabéns! :)
deixas-me sem ar
A ultima parte deste poema, que desabafo. Como o sinto. Obrigada.
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