Há muito tempo atrás havia um cigarro que queimava
oh! queimava noites e noites a fio
como se anunciasse cheio de temor
«Deus vem aí»
A vida é também feita destas coisas.
O engano na porta ao lado que deliberadamente abrimos;
o castanheiro que não cessa de sangrar como se esperasse.
Algumas pessoas, ouço, enterramos no estômago
para que a digestão seja uma folha de eucalipto
- o mesmo da infância que nunca mais foi, que nunca mais
teve como ser nesta fímbria exausta do corpo e da consolação.
Deus virá, sim. No infernal tempo da memória, virá,
enquanto o cigarro nos dedos queima, queima, até se apagar.
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