quarta-feira, 9 de outubro de 2019
265.
Ainda em meus dedos o aroma
de minha cona sendo masturbada
no exacto compasso de teu rosto
posto na minha mais profunda
especulação [imaginativa.
Uma cona que se acaricia com
o tremor da memória de um amor
especular húmido veloz
é sempre uma cona vasta de tristeza.
Repara:
Isto não me impede de permanecer
acariciando-a
como se nos amássemos ainda
como se houvesse ainda tempo
e espaço e fruição entre nós
Nós que estamos distantes
como dois amigos tristes
distantes como um país em guerra
distantes como o verão da meninice
tremenda e para sempre queimada.
Trazemos as mãos
postas em nossos respectivos sexos
longínquos e ardentes e melindrados
arfando de um desejo que é mais ficção
embora nos toque como se fosse verdade
mais ficção como quando se pensa muito
com muita força
em calor
e o corpo
apesar do frio
[aquece.
E eu masturbando-me
e tu masturbando-te
e o amor como um rugido imenso
perigoso
iconoclasta
o amor como uma capital saqueada
e destruída por bárbaros
a voz gemendo como outrora
os olhos a boca as sobrancelhas
executando movimentos
como outrora
mas não
não há outrora
Meus dedos ainda cheiram
cheiram à minha cona
um misto de tardia menstruação
excitação
[e mágoa.
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