sexta-feira, 26 de novembro de 2010

86.


Andas de coração rasurado de uso. Arranhado de amores. No fundo, estilhaçado de liberdade pré-concebida. E dilacerado está. De tão exposto que é. De sempre nas mãos andar. Nestas e naquelas. Que nem uma bola de papel. Ferida nos contornos. E é sempre assim. É porque de corações ninguém cuida. Ninguém. Por isso não sei. De facto, não sei como é que és capaz de tal proeza. De te abrires assim. Desta forma. Leviana. Nunca o faria, sabes? E sei do que falo. Até as minhas mãos colocava no fogo. Antes isso do que de coração nas mãos andar. Se assim fosse, não teria piada nenhuma. Se assim me desse, o encanto escapava-me por entre os dedos. E de coração arranhado andava. Sempre. E não o quero. Não é isso que quero para mim. Por isso fica lá. Fica lá com essa doação extrema de músculo encarnado. Que a mim, nada me interessa.

2 comentários:

Anónimo disse...

Nunca vi ninguem a escrever desta forma! é fantastico ler-te. Descreves o que de impossivel se pode falar. Este jeito de Maria, é divino. És uma arte andante! Grande discurso

Spotless Mind . disse...

perfeito