terça-feira, 5 de julho de 2011
135.
- As tuas palavras já não são mais minhas. Não me pertencem mais, Peter. Já não foram desenhadas para as minhas medidas e agora, quando as tento vestir, desapareço por entre a densidade de sentimento que acarretam.
- Pinto-te em letras tal e qual os meus olhos te vêm. Ficas feia assim, Margaret. Ficas tão mais distante quando nem em ti és capaz de acreditar.
- Não sou eu, Peter, mais a dona delas. Alargaste-as de tal jeito que já só lhes conheço o azedo.
- Acabaste de fazer do mundo cinza e do vento uma bofetada. Porquê?
-Porque fico aterrorizada por saber que eu não sou quem tu descreves em prosas, nesse teu pequeno mundo azul.
- Talvez sejas mais. Muito mais. Como é o sol, sem parecer. Como tudo é, sem nunca notarmos.
- Morro um bocadinho sempre que acreditas em algo que eu não sou.
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20 comentários:
Um dia as tuas palavras vão-se tornar em sonhos meus :)
:(vieste no momento exacto. oh. se o sou,nao chego a ti. querida marie
Estas minhas palavras são tão poucas para ti- és maravilhosa.
sofro de ansiedade,e acho que isso explica muita coisa. obriga-me a querer viver intensamente e de vez em quando aparecem monstros e eu não sei contar até três e começar a respirar sem soluçar entre o choro.
mas..estou bem, poço de energia.
Maria das palavras bonitas é sempre tão bom chegar a casa e ler-te, ler-te por um bocadinho.
Sempre cheia de significado em poucas palavras :)
nao te preocupes comigo..isso é muito:)
gostei do blog (:
É reciproco Maria, é mesmo, e isso ainda sabe melhor. Acho sempre as tuas palavras bonitas muito fortes, muito, e gosto sempre de saber que te tenho na caixa de comentário, é sempre um sorriso certo:)
cura me tanto.oh. saber que estás por cá
e ainda bem :b
expectativas e contra-sonhos.
imagens e os seus negativos... ah, e aposto que se ele a pinta assim é porque deverá existir alguma coisa (pelo menos para ele). agora ela é que sabe se quer fazer disso verdade ou não.
gosto tanto de passar aqui, que até já tinha saudades.*
Oh nunca te conheci a não ser pelas palavras,na realidade nunca. e sabes, esta é das maneiras que mais me fazes felizes.
lindo, fiquei parva, Maria.
"- Morro um bocadinho sempre que acreditas em algo que eu não sou." um encanto.
é, é terrivelmente fácil, no entanto à vezes em que é tão duro acreditar no que existe realmente, fora da nossa órbita e das nossas certezas que se vão tornando temporárias até não haver réstia delas, mergulhadas ou de ilusões ou de mundos em que nada parece existir ou fazer sentido.
precisamos sempre de acreditar em algo e, no fundo, acreditar torna tudo verdadeiro, não real, verdadeiro, sabes? vai sendo ou mais nítido ou mais apagado com o passar dos dias, com as bofetadas ou com mãos leves sobre o cabelo. afinal de contas, vale sempre apena, retiramos de tudo o melhor que nos faz ou, que nos fez.
é lindo :) uma decepção do ser que se menospreza relativamente ao poder das palavras, ao poder dos sentimentos que pões nas palavras :)
fantástico!
BAM! (como uma explosão na minha cara)
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