domingo, 31 de julho de 2011

139.


Não gosto de quando ficas assim... vazia. De quando tudo parece ter mais força do que tu mesmo eu sabendo que não te vergas perante as tempestades que só os outros sabem ser. Creio que te perdes demasiadas vezes nos mundos que não te pertencem mas que te parecem sempre tão teus, que acabas por te denominar dona deles. Tens em ti o fervilhar da posse - é que quando amas queres sempre tudo na tua mão. Queres sempre perto, e não há nada neste mundo que esteja sempre connosco, pois não? Assusta-me que não saibas amar. Porque no fundo é isso, não é? Não sabes amar. Não sabes como te curvar sentimentalmente quando as distâncias te assombram e quando o tempo te rasga a pele sem pedir perdão. Não sabes entender como é que dás rios e montanhas e céus e recebes em troca o vazio que nos abraça a alma quando alguém vai embora. No fundo, agarras-te demasiado a laços que não valem a pena. E dói tanto sempre que nos apoiamos a paredes que quebram e a braços que nos largam. Quero que te lembres do vento e do amor que tens aí para ti. Quero que te lembres de dançar e que deixes de retrair músculos e de te dar a corações que não sabem cuidar de ti. Promete-me que voas mais vezes e eu prometo-te que ficarei sempre na palma da tua mão.

18 comentários:

nés, disse...

este texto aleijou-me literalmente.esta pessoa podia facilmente ser eu.
«Creio que te perdes demasiadas vezes nos mundos que não te pertencem mas que te parecem sempre tão teus, que acabas sempre por te denominar dona deles»
fizeste-me ter vontade de chorar.
(textos fortes, maria, sempre tão fortes e bonitos)

nés, disse...

oh meu amor, não sintas. significa que consegues mesmo perfurar a minha pele, que entras em mim. e olha que me fez muito bem - nunca ninguém tinha tido antes a coragem de me dizer estas coisas que eu tanto precisava de ouvir, e tu acabaste por as dizer sem querer.

nés, disse...

e agora senti-me a ser envolvida nos teus braços, senti-me muito pequena e soube-me bem. é o poder das tuas palavras, o poder de todo o teu ser. e o mesmo serve para ti, está bem? estou aqui. sempre.

Emmeline disse...

eu queria, mas não consigo...

Lipincot Surley disse...

Ela não sabe, não conhece. A vida vai-lhe dar a saber. Ela vai aprender, crescer e voar :)
Maria Maria, escreve sempre*

Sara disse...

revi-me tanto nas tuas palavras, deu-me um aperto no coração.

JL disse...

adoro adoro adoro

Emmeline disse...

e o que seria de mim sem ti?

Sara disse...

promete-me que não dói muito.

Maria Francisca disse...

mariaaa!! :) ♥

estive fora de lisboa e não consegui vir à net.
gostei do texto outra vez. não houve uma parte que eu pensasse que escreveste especialmente para mim porque todos os teus textos são para mim. (fez sentido?)

ficaram juntos, sim. gostavam muito um do outro antes do incidente (qualquer que tenha sido) e continuaram a gostar. também não sei se ficaram juntos. enfim, foi basicamente como tu disseste. és tão perspicaz! :)

Maria Francisca disse...

tenho que escrever escrever escrever para ti, então.

Anónimo disse...

Como é bom, depois de dias sem vir ao computador, entrar aqui.

Neste teu espaço tudo é tão inerte à actualidade de um mundo frouxo que nos apoquenta. Gosto de ler estes rasgos, de deixá-los fazer sentido nesta minha mente caótica.

Sabes, no outro dia estava a ler umas coisas de Vergílio Ferreira e lembrei-me logo deste blog, pois ambos partilham uma coisa: a incrível capacidade de concretizar o sentimento, fazendo com que o leitor fique deliciosamente incomodado.

Beijinho grande, minha linda*

Anónimo disse...

awesome, como sempre <3

Anónimo disse...

Sabes, fiquei horas e horas com este texto na cabeça, questionando-me o porquê de me ter "tocado" tanto, e cheguei à conclusão que este texto não só poderia ter sido escrito para mim, (porque eu amo, amo demais, mas não sei amar), como poderia ter sido eu a escreve-lo(para uma certa pessoa que se encaixa na perfeição aqui) se soubesse dominar tão bem as palavras como tu; disseste tudo o que eu sinto, mas que não sei exprimir; cada palavra, cada frase não só é extremamente bem escrita, como eu sei que é profundamente sentida, e palavras bonitas todos sabem passar para o papel, mas sentimentos é raro poder de pessoas como tu.
E achei que te devia dizer isto, porque mereces saber com que intensidade marcas as pessoas, e acredita que este foi sem dúvida dos textos mais belos que li.
Por favor nunca desistas de escrever, continua a alimentar a nossa alma com as tuas palavras, com o teu dom e nunca percas essa força, essa garra que eu vejo a ti, mesmo sem te "conhecer".

Rita Q. disse...

muito obrigada, Maria :)

Emmeline disse...

como tu. sempre maria sublime

Anónimo disse...

Não tens que agradecer Maria, eu sim, tenho, porque quando leio um texto teu é como se me abraçassem a alma, deixo de me sentir sozinha, porque sei que há alguém que me compreende, e partilha dos mesmos sentimentos.
Agora já sei onde posso vir, sempre que a solidão me devorar, sempre que sentir que ninguém me entende.
E eu também, estarei sempre aqui para o que precisares, porque acredita, que quanto mais te conheço, mais gosto de ti.

opistia disse...

Que pedaço de texto mais lindo! E lindo parece ser uma palavra tão pequenina, tão insuficiente para descrever a carga emocional que me ofereceste ao lê-lo! Bem haja!