sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

205.


As tuas palavras arrastam-se pelas veias
como pequenas dilatações de estrelas
a entupir o céu.

Perdemo-nos no entalar de coração,
no ferimento dos corpos,
que dilacerados procuram no lixo
retalhos, pensos-rápidos ou
apenas um lugar
                        onde sangrar.

Largamos o nada,
inacabado,
junto da sombra
que certa noite se alastrou nas pálpebras
(pelo excesso de abismo
                                    no olhar).
E desbotamos a pele, o amor, a claridade das manhãs sonolentas,
com a certeza de que no mistério
da pólvora
nada se encontra.

5 comentários:

Anónimo disse...

incrível

Anónimo disse...

"Largamos o nada,
inacabado,
junto da sombra
que certa noite se alastrou nas pálpebras" está fantástico Maria*

Anónimo disse...

tu.... eu irei roubar-te... sonha pequena, tu sonha...

efeito placebo disse...

tou a consumir-me tanto no belo que escreves...

Lipincot Surley disse...

dilatações estreladas Maria, maravilhosas. derrames sujos e que danificam e corroem quando vertem. excessos de abismos em todo o lado. a pele, sempre a desbotar. mais uma vez, acho que o que nos vale é termos mais pele que coração.
beijo
Lipincot