sexta-feira, 2 de outubro de 2015

245.




O poema gravita na ancestralidade da carne
onde há certamente água e pão e sobretudo uma sombra.
Dir-se-á que espera. Um dia, um clarão, um sossego ou
apenas a ilustre chegada de alguém que disse que vinha,
sim vinha,
veementemente disse «Apesar deste corpo, até ti caminharei.»
E o poema assim gravita, esperando. Há quem o tenha avisado:
«Cuidado com os Homens que te querem para enganar
a fome, essa paciente predadora. Cuidado ainda maior
com os que te querem como construção.»
Algo dos versos treme, - sente-se - como um soluço de criança.

Quanto a mim, nada me dizem esses Homens,
eu tenho mais medo de poemas que esperam.

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