Dirás que conheceste as terras,
os segredos irreversíveis do corpo,
a neblina da manhã.
Dirás que com as tuas mãos de homem cansado
ergueste montanhas, cidades e o nome de quem
julgaste intocável
e por isso com tanta fé alimentaste a posteridade.
Dirás ainda que aprendeste
palavras de fogo e de mel,
que algumas delas extraíram da memória
o néctar impotente do amor,
o cadafalso magoado de um olhar em extinção.
Mas no fim será silêncio,
apenas um árduo silêncio o que a tua boca
cinzelará
e apenas silêncio o que restará dos
dias em que foste
sem que suspeitasses
feliz.
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