domingo, 26 de dezembro de 2010
97.
Ninguém quer saber de ti. Nunca ninguém quer saber de ti. Infeliz. És muito. Eu sei. E nada te vale todos os dias, à noite, rezares. De nada mesmo. Não tentes enganar quem engana. Isto é, não te tentes enganar a ti mesmo. E cuidado a quem te dás. Muito cuidado. Brincas com o diabo. E com o fogo. Gostas, não é? Entendo-te. Parecendo que não, entendo-te. À minha maneira. Sempre à minha maneira. Mas como estava a dizer, de nada te valem as orações. As promessas e toda a merda que insistes em acreditar. Esperança, deixa-a de parte. Não passa de nada. Exacto. De nada. Ilusões em forma de sonhos transformadas em nada. É isto, essa tal de esperança. E acredita que é capaz de arrasar contigo. Se não a tivesses, dessa vida já te tinhas deixado. A tua hora já chegou. Lamento. Não. Não lamento. Se lamentasse estaria a mentir. E não me atrevo a mentir a quem mente. E amo-te. Amo-te. É só. Um amor. Daqueles mesmo à minha medida. Cheios de espinhos. E coisas feias. A beleza imediata causa-me náuseas. Irrita-me beleza imediata. Típica. Quase que consigo ver, meninas bonitas de olho azul, envolvidas em sangue e de cabeça arrancada- para exposição, sabes? Mas fica para outra altura. Para agora, amor coberto de lascas, minuciosamente cortadas, de corações moles. Não queremos ser brutos para com doçura que só músculos encarnados moles são capazes de conceber, não é? Pois então brindemos. Brindemos à tua ignorância e ao meu amor feio.
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10 comentários:
Um amor-nunca é perfeito, por muito que digámos isso!
Sempre tu. Muito Maria.
"Pois então brindemos. Brindemos à tua ignorância e ao meu amor feio." Uau, amei.
bonito Maria. tudo o que escreves é beleza
adoro todos os teus textos, mas este tem um toque especial :) adoro
falo eu, logo a mais cautelosa de todas! eu também me resguardo, a mim e ao meu coração. porque desconheço e não me dou a conhecer. e tenho muito medo também. muito medo! toda a vida (como se já fosse uma eternidade) tive. mas o medo faz-nos sós e deixa-nos num lugar sozinho e longe, muito longe. demasiado longe para podermos ser felizes. apesar disso não me sinto eu se por segundos dou a vida inteira e tudo o que sou. não sou assim! mas no momento certo, soube e saberás fazê-lo! sem sequer questionares porquê essa vontade em te dares, dares tudo de ti porque achas que alguém bem perto o merece. e vais amar, amar tanto como se a outra pessoa fosses tu própria! e o medo foge e tu continuas a brilhar, maria-estrela. quem me dera saber sempre o que dizer na hora exacta. às vezes – muitas vezes, demasiadas! – as palavras somem e o coração então pede para falar...
outro dos tantos brutais e quebra-vozes e pensamentos, os que eu chamo "chapadas na minha cara", porque os são, de facto. e também eu não gosto muito de amor belos, também a mim me causam náuseas, nem queiras tu saber quantas.
新年あけましておめでとうございます!
Creio que tens um coração demasiado bom, demasiado raro, demasiado cauteloso, demasiado teu para o dares, de facto. Para te entregares, muito menos. E é bom, é bom saber que tens essa cabeça no sítio e que para além de tudo me fazes ter um carinho enorme por ti porque te acho tão, tão sábia. Sábia num jeito: certeira com as palavras. Sabes usar as palavras e fazer tremer queixos. Tens amor no coração. Eu vejo amor nesse coração.
"Só há dois dias em que nada pode ser feito: o de ontem e o de amanhã" - que é como quem te pede que vivas hoje. Sempre intensamente. Mesmo à Maria. Que vivas e que ames. Acima de tudo que ames com certezas. Quem sabe se um dia o egoísmo não desaparecerá mesmo, e se esse dia chegar mais cedo, deixa o egoísmo voar, pois também tu te sentirás livre. Leve. Amada. Feliz. A viver. É apenas isto que te sei dizer, quase nada pois calas-me as palavras.
Mas bem, um beijo. Do fundo e tamanho de todo o meu coração
Cada um tem um amor há sua medida e não adianta altera-lo .
está lindo!
Gostei, mais uma vez.
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