domingo, 1 de janeiro de 2012

159.



O caos instala-se e ficas presa no silêncio das coisas. Cais no vácuo de ti e de mim e eu deixo-me cá, ao de longe, pedindo aos céus que saibas regressar ao som de nós. 
Tentas encontrar-te no fundo da gaveta de madeira que, cá para nós, está tão desarrumada quanto a tua alma novelo de lã, mas nunca chegas realmente a saber de ti. E eu deixo-me cá, ao de longe, pedindo aos céus que um dia regresses às proporções inteiras.
 Ficas cansada da diluição sentimental, porque te pesa sempre muito o abismo existente entre todos nós , deitas-te no jardim, roubas uma orquídea ao canteiro que tão bem a tua avó cuida, desembaraças os nós do cabelo - talvez de jeito a também desembaraçar os do espírito - e colocas os laços e os ganchos. Já eu, eu deixo-me cá, ao de longe, pedindo aos céus que um dia percebas o quão bonita ficas de cabelos desalinhados.

6 comentários:

[perdi o nome no caminho] disse...

tão bonito. tão bonito.

[queria passar para dizer que tive, durante muito muito tempo, esta mesma música num antigo blog. diz-me muito.]

Rita Q. disse...

que coisa mais rica.

Rita Q. disse...

gosto de acreditar que sim, Maria.

Leandra Cunha disse...

está tão... :))

[perdi o nome no caminho] disse...

estive a reler-te.
há por este mundo muita gente que tenta escrever. assim como em tudo, uns conseguem melhor que outros. é legítimo tentar escrever. é legítimo escrever mal para um dia escrever melhor. mas por vezes é piedoso.

eu só quero dizer que tu não tentas escrever, tu escreves. com toda a alma.
na minha modesta opinião, escreves muito bem. que todos os textos que por aqui se partilham diariamente tivessem a consistência que os teus têm.
um beijo <3

[perdi o nome no caminho] disse...

assim que me encontrar.