O caos instala-se e ficas presa no silêncio das coisas. Cais no vácuo de ti e de mim e eu deixo-me cá, ao de longe, pedindo aos céus que saibas regressar ao som de nós.
Tentas encontrar-te no fundo da gaveta de madeira que, cá para nós, está tão desarrumada quanto a tua alma novelo de lã, mas nunca chegas realmente a saber de ti. E eu deixo-me cá, ao de longe, pedindo aos céus que um dia regresses às proporções inteiras.
Ficas cansada da diluição sentimental, porque te pesa sempre muito o abismo existente entre todos nós , deitas-te no jardim, roubas uma orquídea ao canteiro que tão bem a tua avó cuida, desembaraças os nós do cabelo - talvez de jeito a também desembaraçar os do espírito - e colocas os laços e os ganchos. Já eu, eu deixo-me cá, ao de longe, pedindo aos céus que um dia percebas o quão bonita ficas de cabelos desalinhados.
6 comentários:
tão bonito. tão bonito.
[queria passar para dizer que tive, durante muito muito tempo, esta mesma música num antigo blog. diz-me muito.]
que coisa mais rica.
gosto de acreditar que sim, Maria.
está tão... :))
estive a reler-te.
há por este mundo muita gente que tenta escrever. assim como em tudo, uns conseguem melhor que outros. é legítimo tentar escrever. é legítimo escrever mal para um dia escrever melhor. mas por vezes é piedoso.
eu só quero dizer que tu não tentas escrever, tu escreves. com toda a alma.
na minha modesta opinião, escreves muito bem. que todos os textos que por aqui se partilham diariamente tivessem a consistência que os teus têm.
um beijo <3
assim que me encontrar.
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